Começamos o mês da consciência negra com uma celebração linda e emocionante do Povo de Terreiro de Pernambuco as divindades das religiões de matrizes africanas na VI Caminhada dos Povos de Terreiros de Pernambuco. Unidos em uma só missão, o Povo de Terreiro e simpatizantes das diversas expressões do culto aos ancestrais africanos, indígenas e da umbanda mostram disposição, caminhando e reivindicando efetividade e praticidade no conjunto de políticas públicas existentes e necessárias para o pleno exercício a liberdade de culto e crença religiosa.
Em todas as edições a Caminhada do Povo de Terreiro de Pernambuco homenageia personalidades que tanto contribuem e contribuíram para perpetuação da memória ancestral africana no Estado, a transmissão do culto religioso e manifestação da cultura negra e, nesta VI Edição, uma das homenageadas foram Mãe Amara, Iyalorixá do Terreiro Ilê Obá Aganjú Okoloyá, que aos 81 anos de vida e em plena atividade é celebrada pela sua conduta moral, sabedoria e incentivo a cultura religiosa dos Orixás em Pernambuco.
A concentração da caminhada se deu na praça do Marco Zero. Muitos adeptos e adeptas trajados de axós, turbantes, filás e panos da costa embranqueceram e coloriram, com muito brilho, as ruas do Recife, por onde seguiram trajeto finalizando-a na estátua erguida em memória ao mártir Zumbi dos Palmares, no Pátio do Carmo, centro do Recife.
Ressalta-se, ação como esta contribui e valoriza na luta e respeito a liberdade de crença que, também, recai nos demais credos religiosos exercitados no país, bem como minimiza os efeitos e impactos do preconceito e descriminação racial fundada na intolerância religiosa, daí a caminhada que representa de forma clara, politizada e pacífica o entendimento que o seguimento afrodescendente tem para consigo mesmo e com os outros membros da sociedade, que não praticam a nossa ancestralidade.
Pernambuco tem, só na Região Metropolitana do Recife, cerca de 1.500 templos de candomblé, umbanda ou da jurema sagrada, catalogados em órgãos públicos governamentais, além de milhares de grupos das expressões culturais populares distintas entre si, porém, fundamentadas nos cultos afro-indígena-brasileiro.
05/11/2012 - Fábio Gomes.
Fotos: Jedson Nobre.
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